No instante em que vi a capa da Veja dessa semana, sabia que iria render algumas frustrações.
Como compositora e autora de escritos (se é que posso julgar-me assim) aí vai toda minha opinião sobre o caso da censura às biografias não autorizadas.
(...)
O pontapé inicial do debate começou quando Roberto Carlos proibiu a circulação de sua biografia "Roberto Carlos em Detalhes" escrita pelo jornalista Paulo César de Araújo, alguns anos atrás.
Privacidade é um direito que todos os artistas integrantes do Procure Saber - grupo que busca mudar a legislação que submete a publicação de biografias à autorização dos biografados - usam como argumento. Alguns dos integrantes são Chico Buarque, Paula Lavigne (empresária e ex-mulher de Caetano), o próprio Caetano Veloso, Djavan e Gilberto Gil.
A verdade é que proibir a publicação dessas biografias não vai diminuir, nem de longe, a invasão na vida dessas pessoas por parte das mídias.
"Sou sim a favor de podermos ter biografias não autorizadas de Sarney ou Roberto Marinho. Mas as delicadezas do sofrimento de Gloria Perez e o perigo de proliferação de escândalos são tópicos sobre os quais o leitor deve refletir.", disse Caetano Veloso para o UOL.
É ai que encontra-se na minha visão um dos maiores problemas da proibição de biografias não autorizadas. A vida pessoal de certas pessoas públicas, principalmente de políticos, interessa sim a sociedade, porque se choca com ela.
A pergunta é: até que ponto é notícia e quando passa a ser invasão do privado?
O que falta mesmo, é discernimento!! De todas as partes.
Aproveitando o gancho: gera uma super polêmica em relação ao fato de Roberto Carlos não falar muito sobre seu acidente, nem de sua perna mecânica. (segundo a própria mídia)
A respeito do assunto, o grande biógrafo Ruy Castro disse o seguinte em entrevista:
"Me preocupa que essa meia dúzia de artista tem poder no Senado. O Brasil perde a sua produção intelectual histórica porque o Roberto Carlos não quer que fale da perna mecânica dele."
Oi? Amigo, não estamos perdendo nada com isso! O referido acontecimento na vida do outro não afeta a vida alheia e muito menos os modos da sociedade. Então porque falar disso?
Respeito, respeito, respeito!
E desculpe, mas não permitir que alguém fale da minha vida ou sobre algo que só diz respeito a minha pessoa, não é censura - é direito.
Me incomoda e muito a imaturidade da mídia e de "escritores" que vendem a vida particular de pessoas, como se isso fosse notícia. Esse tipo de jornalismo, enoja, qualquer um faz..
"Uma notícia se caracteriza por um texto informativo de interesse público."
Desconsidero importante, por exemplo, uma matéria falando que tal celebridade foi vista em búzios de amassos com outra celeb no feriadão. Isso só serve de entretenimento para gente à toa, ou seja, pouco importa. Ou pelo menos deveria.
Em pleno século XXI e com agendas tão ocupadas, as pessoas deveriam saber definir o que de fato as interessa e preocupar-se mais com suas próprias vidas.
Inúmeras vezes há uma grande distância entre O ARTISTA e A PESSOA que o mesmo realmente é. Muitas vezes a imagem do primeiro é feita por outros e até manipulada, inventada, sendo boa ou ruim. Afinal é arte, não tem que ser real.
Voltando às biografias, talvez essas não devam ser proibidas, a não ser que após a publicação ocorram calúnias e abusos. Se bem que depois de publicadas o estrago já estará feito..
Não peço que concordem com as palavras ditas aqui, mas que prestem muita atenção ao ler jornais, revistas, livros e afins. Seja crítico, questione os fatos, depois então conclua se aquela notícia é razoável ou não. E caso seja sobre a vida pessoal de alguém que não influência em nada na sua vida, para que se importar?!
Só sei que essa discussão está longe de acabar.
Joaquim Barbosa, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou: "Não acho razoável retirar um livro do mercado. O ideal seria a liberdade total, mas cada um que assuma os riscos."
Exatamente. Se você escrever sobre a vida de alguém, correrá riscos no futuro de ser processado e ter sua obra retirada do mercado, caso o biografado se sinta incomodado. E entenda que isso é um direito dele.
Além disso, as polêmicas e revindicações do grupo Procure Saber levou muitas pessoas a questionar se esses músicos e compositores estão tão incomodados com essas biografias não autorizadas porque têm muitos podres e coisas a esconder.
Será?
Vai saber. E bem, existe aquela história: "se você não quer que ninguém saiba, não faça."
Nenhum comentário :
Postar um comentário