segunda-feira, 4 de maio de 2015

Adeus não, inté!

Fico louca nas paradas em aeroportos e rodoviárias durante viagens. Meu coração quase chora ao ver casais se despedindo, uns aos prantos, outros com pouca fala. Algumas vezes tive que me despedir de pessoas que gostava muito. Talvez eu me identificava um pouco e recordava aqueles tempos, por isso sentia a dor. Minha, deles. Há dois casos mais recentes que me recordo bastante. O primeiro foi em uma parada na capital do Espírito Santo ou na cidade vizinha, não tenho certeza. Uma moça de aparência simpática, aos prantos, abraçando o moço que respondia a reação dela com a cara fechada, quase sem mexer a boca. Pois bem, na minha visão parecia que os dois estavam tendo a briga do século. Eu tinha acabado de sair de uma discussão, pouco antes de entrar no ônibus. Me identifiquei com aquela cena que eu praticamente stalkeava da janela do ônibus. Por um acaso do universo, o lugar  da moça chorosa era bem ao meu lado. Assim que sentou desabou a chorar mais um pouco. Digitou umas mensagens, provavelmente com aquele homem, até que se tranquilizou. Não resisti e tive de perguntar a ela, de forma delicada mas um pouco direta se aquilo era um conflito pré despedida. Porque foi isso que ocorreu comigo. Um grande conflito. Desnecessário. Pesado. E eu queria qualquer identificação que fosse com aquela moça bonita que sentava ao meu lado para justificar o propósito do nosso encontro e me convencer que aquela situação era natural, acontecia e estava tudo bem. Ela respondeu que na verdade  estava dando um "piti pré despedida" pois não queria voltar para Belo Horizonte e deixar o noivo trabalhando no Espírito Santo. A outra imagem bonita e melo dramática foi na rodoviária de Cachoeiro de Itapemirim, essa ainda mais recente. Um casal de namorados esperando ônibus - ele com um buquê de flores vermelhas que entregaria a amada e ela com a mala, parecendo meio perdida. Os olhos dele me chamaram atenção. Estavam vermelhos, como se ele tivesse caído em lágrimas mais cedo, ou talvez passado a noite toda acordado pensando naquele momento que chegaria. Também tive a impressão de que ele estava segurando um rio de lágrimas, por isso da sensação de olhos pesados. Talvez ele só estivesse com os olhos vermelhos mesmo. Ele entregou as flores a ela e os dois se abraçaram. Permaneceram assim até o momento do meu ônibus partir. Minha viagem começou e danei a escrever isso que você leitor acaba de começar a ler. Lembrei das vezes que passei por isso. Todas situações diferentes, interligadas por um sentimento de saudade, angústia e indignação. Não queria deixar de caminhar, mas queria que, no fundo, alguns pudessem caminhar comigo. Questionei-me quantas vezes mais e se irei passar por isso. Quantas vezes mais irei testemunhar situações como essa. Não gosto de despedidas. Não acredito mais nelas. Uma vez, em um lugar muito especial, um homem que eu acabará de conhecer me contou um segredo que agora aqui revelo a aqueles que ainda não sabem. Não existe isso de adeus - não passa de uma saudação. Há sempre um reencontro com aqueles que moram no nosso coração. Reencontros. "A Hui Hou Kakou". Em havaiano e significa "Until we meet again"; até que nós nos reencontremos.

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