domingo, 19 de julho de 2015

Versos sutis

Enquanto ela enrolava em seus dedos seu cabelo loiro, sorria sentindo-se sortuda por tê-lo ali. Os dois agiam como se a realidade fosse o presente. Tudo era lindo ao caminharem lado a lado. Mas quando ela partia era como se um vazio tomasse conta das lembranças, que não saíam da cabeça e do papel em que escrevia alguns versos. Então o que era aquela ilusão? Refúgio? Passa(r)tempo? Quando ele partia, tinha em mente outra. Preta, preta, pretinha. Descobrira que não passavam de versos. Bons versos. Sentiu-se boba por tê-los escrito. Mas ela, que sempre foi a favor de amores e os colecionou carinhosamente em sua estante, por amor, mais uma vez, com uma lágrima em seus olhos retirou-se com cautela, devagarinho, sutilmente, a fim de que a única lembrança que ele pudesse ter fosse o seu sorriso.

(...)

Mari Chamon

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